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Plataforma Vivo para desenvolvimento e comercialização de aplicativos baseados em SMS – será a App Store tupiniquim?

27 Jan 2010

Show me the money!Parece que ontem a operadora de telefonia móvel Vivo apresentou no Campus Party sua plataforma de desenvolvimento de aplicativos para celulares – apresentação que infelizmente eu perdi por causa de trabalho e tchuva.

A notícia (TI Inside) me deixou salivando: potencialmente a coisa permitiria publicar apps sem o envolvimento de terceiros (como na App Store), mas cobrando direto na conta telefônica – só isso já merece alguma consideração.

O processo começa com a abertura de um cadastro e leitura da documentação das APIs – que são chamadas externamente (ou seja, seu aplicativo não roda no celular, e sim no seu próprio servidor), e consistem no envio de SMS, MMS e WAP Push (que é, grosso modo, o envio de um link para um conteúdo WAP) através de uma API REST (que cheira a SOAP com uma capinha REST por cima, apesar de contar com conversão implícita de JSON), com bibliotecas prontas para PHP, Java e .Net – mas, claro sendo REST, qualquer linguagem vale.

Pode parecer pobre em comparação, digamos, com apps iPhone, mas aplicações baseadas em SMS rodam até mesmo nos celulares mais modestos – eu lembro que, quando vi um pager pela primeira vez, minha primeira reação foi “cara, eu muito faria um adventure de texto rolando nessa parada”. De repente um miniTruco baseado em SMS… idéias mil.

Dei uma olhada na biblioteca Java. Ela é empacotada de maneira, digamos, pouco carinhosa (ex.: inclui o Jakarta Commons HttpClient como código-fonte, misturado com o código da API – provavelmente foi gerada por alguma ferramenta) e abre com um caminhão de issues no Eclipse. O mérito é que vem com uns exemplos (bem básicos) de uso, e os issues devem ser coisa fácil de resolver (depois eu vejo com calma).

Juntando o fato de as APIs só rolarem atualmente num sandbox com a quantidade de “em breve” no site, a primeira leitura é que o produto ainda está bem em construção – o link “modelo de negócio” ser um Flash com quatro slides explica muito sobre o estágio embrionário da empreitada enquanto produto. Dá pra encarar como risco (i.e., será que a plataforma vai pro ar?) ou como oportunidade (dá tempo de desenvolver algo e sair na frente).

E ficam no ar duas grandes dúvidas:

  • As APIs só falam (numa leitura superficial que fiz até agora) em envio de mensagens. E o recebimento? A coisa só pode ser considerada uma aplicação autônoma se o usuário puder enviar SMS de volta, e não achei nenhuma API para que a app consiga receber respostas. Será que a idéia é fazer WAP Push, mandar o cara para o meu site e lá ele interagir para receber o próximo SMS?

  • Quanto isso custa pro usuário? O artigo fala em porcentagens sobre o tráfego gerado, mas não diz quanto o usuário do aplicativo vai pagar por esse tráfego (se for preço normal de SMS, esquece – sai mais barato comprar um netbook pra jogar o adventure de texto :-P). E ainda fala em venda dos aplicativos, o que também é complicado: se o cara tiver que pagar pra baixar e pagar pra usar, só vai dar certo em um país onde as pessoas sejam conformistas a ponto de pagar imposto várias vezes sobre o mesmo produto… ah, tá, entendi.

Espero que as pessoas que foram à apresentação tenhma perguntado essas coisas e postem em algum lugar em breve. Também devo perguntar no fórum e ver no que dá. Eu sou sempre reticente com qualquer associação com operadoras de celular, mas numa primeira análise essa plataforma (quando e se ficar pronta) parece menos evil do que de costume. Vamos ver.

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